Envelhecer não é misticismo, o famoso pesquisador Aubrey de Gray tem certeza, talvez o advogado mais famoso do mundo da visão provocadora de que a tecnologia médica um dia permitirá às pessoas controlar o processo de envelhecimento e viver saudável por centenas ou milhares de anos.
Ele compara o envelhecimento com o desgaste do carro; o corpo humano acumula danos durante a operação normal, o corpo tolera facilmente seu pequeno nível - mas, no final, eles matam a pessoa. Segundo ele, a maneira mais promissora de evitar essa realidade biológica é
reparar os danos que se acumulam usando a engenharia.
A má notícia é que esses estudos pioneiros exigem muito tempo e dinheiro, que nem sempre estão disponíveis, em grande parte devido ao fenômeno cultural que ele chama de trans-pró-envelhecimento. A cultura há muito tempo considera o envelhecimento inevitável; para muitas pessoas, a perspectiva de uma extensão ilimitada da vida parece implausível.
Mas a boa notícia para Aubrey de Gray e para aqueles que o apóiam é que hoje em dia suas opiniões não parecem mais tão radicais. A academia e as empresas privadas estão envolvidas na luta contra o envelhecimento; sua
Fundação de Pesquisa SENS , por exemplo, fundou
cinco empresas diferentes . “Superar o envelhecimento”, diz ele, “não é apenas uma questão de futuro; agora é um setor que será benéfico e muito benéfico para sua saúde. "
De Gray compartilhou com Kira Paykoff, editora-chefe da LeapsMag, na
World Stem Cell Summit, em Miami, sobre seu trabalho.
A entrevista
Kira Peykoff : Dez anos se passaram desde que seu livro
Ending Aging foi publicado, avanços científicos na pesquisa com células-tronco, edição de genoma e outras áreas tomaram conta do mundo. Qual deles mais influenciou sua pesquisa?
Aubrey de Gray : Por um lado, todos influenciaram, por outro, praticamente não. Eles aceleraram o assunto, permitiram uma maneira mais curta de chegar aonde já estávamos tentando ir. Mas eles não fizeram mudanças fundamentais na estratégia geral. No livro, descrevemos sete tipos principais de danos, bem como maneiras específicas de eliminar cada um deles, e isso não mudou.
Kira Paykoff : Houve avanços que tiveram o maior impacto?
Aubrey de Gray : Essas não são apenas coisas óbvias, como o
iPSC (células-tronco pluripotentes induzidas) e o
CRISPR (uma ferramenta precisa de edição de genes). Também são coisas mais exóticas que se aplicam especificamente a alguns de nossos destinos, mas a maioria das pessoas não os conhece. Por exemplo, métodos para gerenciar
importações de proteínas co-traducionais para as mitocôndrias.
Kira Paykoff : Quanto as futuras terapias antienvelhecimento incluem a regeneração de tecidos antigos ou o crescimento a
montante de novos órgãos?
Aubrey de Gray : Terapias que regeneram órgãos totalmente novos provavelmente desempenharão um papel no curto prazo e diminuirão gradualmente, simplesmente porque a cirurgia invasiva precisa ser usada neles. Queremos evitá-lo, mas é bem possível que, nos estágios iniciais, nossos métodos de correção disponíveis no nível molecular e celular
in situ sejam insuficientes e, portanto, precisaremos de uma abordagem mais rígida, como o crescimento de um novo órgão e sua implantação.
Toda vez que você precisar substituir um órgão, você tem a oportunidade, em princípio, de reparar o órgão sem substituí-lo. E, depois de reparado no nível microscópico, você poderia passar sem cirurgia simplesmente introduzindo o tipo apropriado de células-tronco ou outras coisas. Isso seria algo que pode ser aplicado a uma pessoa idosa e é muito mais seguro e possivelmente muito mais barato. Pode-se esperar que a próxima geração de terapias se mova nessa direção.
Kira Paykoff : Sua fundação está trabalhando em uma
iniciativa que exige financiamento de US $ 50 milhões.
Aubrey de Gray : Bem, se tivéssemos um financiamento de US $ 50 milhões por ano, poderíamos avançar três vezes mais rápido que US $ 5 milhões.
Kira Peykoff : E você pretende iniciar testes em humanos em 2021?
Aubrey de Gray : Este é um período aproximado. Lembre-se, como acumulamos muitos tipos diferentes de danos no corpo, isso significa que precisamos de muitos tipos diferentes de terapia para corrigir os danos. E, é claro, cada um desses tipos deve ser desenvolvido independentemente. Esta é mais uma terapia de dividir e conquistar. As terapias interagem até certo ponto entre si; reparar um tipo de dano pode retardar o acúmulo de outro tipo de dano, mas eles ainda são necessários.
E parte dessas terapias é muito mais fácil de implementar do que outras. Os componentes mais leves já estão sendo submetidos a ensaios clínicos, principalmente
terapias celulares e, por exemplo,
imunoterapia contra amiloides no cérebro. A terceira fase de ensaios clínicos em alguns casos. Portanto, quando falo sobre as datas, sobre o ano de 2021, ou, digamos, sobre o início dos anos 20, na verdade falo sobre os componentes mais complexos.
Kira Peykoff : Quais das realizações mais recentes inspiraram você?
Aubrey de Gray : Nos últimos dois anos, estou especialmente orgulhosa dos sucessos que tivemos nas áreas mais difíceis. Se você se lembra dos sete componentes da abordagem do SENS, há dois deles que ficaram paralisados e não foram movidos em nenhum lugar por 15 a 20 anos, e isso foi corrigido nos dois casos. Nossas
publicações há dois anos na revista Science, em essência, mostravam maneiras de combater a reticulação proteína-proteína, responsável por coisas como rugas e hipertensão. E então, há um ano, publicamos um
trabalho verdadeiramente
inovador sobre a colocação de cópias do DNA mitocondrial no DNA nuclear, modificado para que elas sejam armazenadas nele. Essa ideia tem cerca de 30 anos, todo mundo a abandonou, algumas por um longo tempo, e revivemos essa abordagem.
Apresentação de Aubrey de Gray sobre seu trabalho com Michael West no AgeXKira Paykoff : Isso é incrível. Na sua opinião, quais são os maiores obstáculos à superação do envelhecimento hoje: desafios tecnológicos, marcos regulatórios, altos custos ou trans-envelhecimento devido à nossa cultura?
Aubrey de Gray : Todos juntos. Questões tecnológicas são uma coisa; é difícil, mas sabemos para onde estamos indo, temos um plano. E os outros estão muito entrelaçados um com o outro. Muitos estão inclinados a acreditar que as barreiras regulatórias serão completamente intransponíveis, mas as pessoas não reconhecem o envelhecimento como uma doença e, portanto, nada vai subir. Eu acho que isso é um absurdo. E a razão é que os conceitos culturais em relação a tudo isso serão completamente virados de cabeça para baixo antes que a virada chegue às barreiras normativas. Eles serão revertidos pelos resultados promissores obtidos em laboratórios, em ratos. Assim que realmente rejuvenescermos os ratos velhos, para que eles vivam por muito mais tempo e em um estado saudável, todos descobrirão isso e todos exigirão que será impossível ser reeleito sem proclamar publicamente sua intenção de virar o FDA e garantir que tudo aconteça sem nenhum barreiras regulatórias.
Eu tenho lutado todos esses anos para conseguir algum dinheiro, e tudo por causa do ceticismo de que isso possa funcionar, juntamente com um transe pró-envelhecimento, um produto desse ceticismo, as pessoas não querem se divertir com uma esperança irrealista, estão procurando desculpas Como o envelhecimento não é tão ruim, há aspectos positivos, portanto, você não precisa pensar sobre isso. Tudo isso irá literalmente evaporar em uma noite, se fizermos um progresso impressionante no laboratório. Então o dinheiro aparecerá. Isso já está em
erupção , já estamos vendo o início da verdadeira indústria biotecnológica do rejuvenescimento, sobre a qual falei com brilho nos olhos todos esses anos.
Kira Peykoff : Por que, na sua opinião, a cultura começa a mudar?
Aubrey de Gray : Ainda não está mudando. Haverá um ponto de virada do qual eu falei, talvez em cerca de cinco anos, quando tivermos um avanço real, resultados decisivos em ratos e uma atitude fatalista em relação a tudo isso se tornar simplesmente impossível. E agora vemos apenas a influência da publicidade repetida tradicional. Repito a mesma coisa várias vezes, e ninguém me opõe convincentemente ... E, no entanto, estamos gradualmente avançando, não apenas nós, mas a comunidade científica como um todo. De um modo geral, parece mais convincente que eu possa estar certo.
Kira Peykoff : Eu sei que você não gosta quando perguntado sobre o momento, mas se há mais cinco anos antes desse avanço em ratos, é difícil resistir e não perguntar quanto tempo devemos esperar pelo tratamento de uma pessoa?
Aubrey de Gray : Quando chamo algumas datas, devo enfatizar sua natureza probabilística. Nesse caso, acho que temos uma probabilidade de 50 a 50 de atingir esse ponto de virada em camundongos dentro de cinco anos, é claro, pode levar 10 ou 15 anos se não tivermos sorte. Da mesma forma, para as pessoas, a probabilidade de 50 a 50 é de vinte anos, e há uma chance de 10% de que mesmo em cem anos não chegaremos lá.
Kira Paykoff : Quais são os maiores benefícios de uma população de vida muito longa que você chamaria de pessoas céticas?
Aubrey de Gray : Qualquer pergunta sobre prolongar a vida é uma pergunta errada. Porque a extensão da vida em que as pessoas são tão fixas só pode ocorrer como efeito colateral da melhoria da saúde. Não importa quanto tempo ou não tenha nascido recentemente, se estiver doente, é provável que você morra rapidamente se não pudermos curar sua doença. Se você é saudável, não vai morrer. Portanto, se tivermos sucesso na maneira como pensamos em manter as pessoas saudáveis e jovens, não importa quanto tempo elas nasceram, o efeito colateral do ponto de vista de prolongar a vida e a expectativa de vida provavelmente será muito significativo. Mas esse ainda é apenas um efeito colateral, então a pergunta que você realmente precisa fazer é: você quer ser saudável?
Até agora, ninguém me procurou dizendo que o remédio para idosos não deveria ser feito, porque se funcionar, será ruim. As pessoas tendem a ignorar essa contradição, preferem varrer o lixo para debaixo do tapete e dizer: oh, envelhecer é uma coisa normal, isso é bom.
As pessoas nunca admitem que realmente dizem: um remédio realmente funcional para idosos seria ruim, mas, na verdade, dizem exatamente isso.
Kira Peykoff : Vamos nos desviar um pouco de um assunto, estou curioso para aprender, que notáveis videntes da ciência e tecnologia o admiram mais hoje?
Aubrey de Gray : Boa pergunta. Um deles é
Mike West . Estou honrado por parte do meu tempo que agora trabalho para ele no AgeX. Eu o admirava nos últimos dez anos, porque o que ele fez nos últimos 20 anos, começando com Geron, é inimaginável. Ele trabalhou em um ambiente em que eu não teria sonhado com a possibilidade de receber dinheiro privado, qualquer investimento real, em algo tão distante, muito à frente de seu tempo, e ele fazia isso de novo e de novo. É simplesmente impensável que ele tenha conseguido.
Kira Paykoff : E a Ilona Mask?
Aubrey de Gray : Claro, e para eles. Ele é completamente imune à cautela, crítica e conservadorismo que permeiam a humanidade, e continua a fabricar esses malditos carros autônomos, o turismo espacial e muito mais, para criar todas essas coisas. Na verdade, somos pessoas com a mesma opinião.
Kira Paykoff : Você disse há dez anos que acha que a primeira pessoa que está destinada a viver 1000 anos já nasceu. Você ainda acha isso?
Aubrey de Gray : Claro que sim. Porque não Novamente, isso é uma coisa probabilística. Eu disse que há 10% de chance de não atingirmos o
Longevity Escape Velocity - LEV por 100 anos e, nesse caso, a declaração sobre a possibilidade de mil anos de vida não é mais verdadeira. Mas, é claro, acredito que os beneficiários do que também podemos chamar de SENS 1.0, os pontos em que chegamos ao LEV, são extremamente improváveis de que essas pessoas sofram de problemas de saúde associados a seus problemas. por idade. Porque nunca cairemos abaixo do LEV ao alcançá-lo.
Kira Paykoff : Alguém nascido hoje pode esperar ...
Aubrey de Gray : Eu diria que pessoas de meia idade têm uma boa chance. Lembre-se - a probabilidade é de 50/50 de chegar ao LEV em 20 anos e, quando você chegar lá, não permanecerá apenas na idade biológica de 70 ou 80 anos, rejuvenescerá de volta à idade biológica de 30 ou 40 anos e permanecerá lá, portanto, seu risco de morte para cada ano, não estará relacionado a quanto tempo você nasceu, será o mesmo de um jovem adulto. Hoje, é menos de 1 em 1000 por ano, e esse número diminuirá à medida que adquirimos carros autônomos e tudo isso, de fato 1000 é uma estimativa muito conservadora.
Kira Paykoff : Então você pode escolher em que idade gostaria de voltar?
Aubrey de Gray : Claro, como em um carro. Você repara o dano e ele continua a ser criado pelo metabolismo humano, para que você possa simplesmente escolher com que frequência e com que cuidado repara o dano. E você pode fazer outra escolha na próxima vez.
Kira Paykoff : Qual seria sua idade ideal?
Aubrey de Gray : Não faço ideia. Não penso nisso, porque no futuro mudarei quando quiser.
Traduzido por Nick Sestrin , Voluntários SENS